Construindo um novo paradigma no atendimento terapêutico, através de uma perspectiva holística - Por Antonio Carlos D. de Abreu A Constelação Familiar e a Psicologia Transpessoal são abordagens terapêuticas, onde ambas tocam em aspectos da dinâmica do funcionamento humano que só podem ser compreendidos quando ele é considerado em sua multidimensionalidade. As dinâmicas envolvidas em ambas as abordagens, tem como suporte o paradigma holístico. Isto, por sua vez, leva a uma nova visão de abordagem terapêutica, caracterizando um processo de construção de um novo paradigma no atendimento terapêutico.
O que se observa tanto no trabalho com a abordagem transpessoal como nos trabalhos com a constelação familiar é que em ambos a questão dos valores e do sentido emergem naturalmente a partir de uma instância superior que é plena de amor e sabedoria. Na perspectiva transpessoal essa fonte de amor e sabedoria é algo natural em todo ser humano e é denominado de inconsciente superior ou self transpessoal. Na prática, esse nível de consciência pode ser acessado através das técnicas de expansão da consciência. No trabalho com as constelações familiares, observa-se a ação desse amor e sabedoria através da ação da consciência coletiva familiar que é a força que desata os “nós” geradores de diversos tipos de impedimentos e de dificuldades.
Em ambas as abordagens pode ser observado o resgate da espiritualidade (altos valores, ética natural), a presença do sagrado e a possibilidade da transcendência. Cabe aqui esclarecer que as duas abordagens estão fundamentadas na fenomenologia e o entendimento sobre a relação entre as experiências corporais e o espírito, ou a consciência coletiva familiar e um de seus membros.
Quando o cliente é tocado em sua essência (espiritual, sagrada e transcendente) por essa força poderosa, ocorre uma tendência para perceber sentido da vida e também para a expressão dos altos valores humanos ou pelo menos a compreensão da necessidade deles para uma vida plena, quando há abertura por parte do cliente para expandir a consciência para essas regiões.
Bert Hellinger (2009), concorda com Sheldrake (2013) – biólogo e pesquisador que estamos todos conectados e sofrendo mútua influenciação o tempo todo. Essa influenciação ocorre em função da existência de um campo informacional que herdamos paralelamente à herança genética. Nele estariam presentes informações de toda nossa ancestralidade. Para Hellinger (2009), dentro de um sistema familiar, todos os membros estão conectados e nesse campo todos estão em ressonância entre si. Ninguém e nada pode escapar-lhe. Até mesmo o passado e os mortos continuam nele, presentes e atuantes.”
“A experiência das Constelações Familiares nos remete (…) às conexões quânticas não locais, onde as consciências de cada indivíduo do grupo estariam interligadas num nível transcendente, além do espaço-tempo, já que tais conexões se dão instantaneamente, não obedecendo à linearidade temporal, pois acontecem inclusive com pessoas já falecias.”
A psicologia transpessoal também transita por essas mesmas bases e além das convergências citadas, podemos acrescentar que ambas:
1. Consideram a possibilidade de expansão da consciência,
2. Adotam uma cartografia da consciência, que representam diferentes possibilidades de expansão da consciência.
3. Há uma consciência de vigília, o ego, um inconsciente pessoal e transpessoal.
4. O trabalho terapêutico é de base fenomenológica e centrado no cliente
5. Há a presença de um eu superior/consciência coletiva espiritual e uma total confiança em sua ação positiva, fonte de saúde e de sabedoria. O foco é na saúde.
6. O corpo faz a interface entre o ego e Eu superior e nele pode se expressar a multidimensionalidade humana.
7. Considera-se a presença de um campo mórfico com ação não-local e atemporal.
8. A unidade da consciência, sem fragmentações e separações é geradora de saúde plena.
9. Manifestações físicas não refletem apenas a dinâmica entre razão, emoção sensação, intuição/espiritualidade, mas a influência não-local e atemporal individual e coletiva.
10. Há a presença de um campo espiritual e a relação desse campo com os indivíduos, com inúmeras implicações psicologias físicas e sociais e espirituais.
HELLINGER, Bert, O Amor do Espírito, Patos de Minas: Atman, 2009
______________, Constelações Familiares, São Paulo: Cultrix, 2004.
SHELDRAKE, R. Uma nova ciência da vida. São Paulo: Cultrix, 2013.
